Estivemos, de 6a. a Domingo, em Tiradentes. Foi a segunda vez que visitei a cidade. E a primeira em época de festival de cinema: a 14a Mostra de Cinema de Tiradentes, a qual teve início na própria sexta, dia 21/01/11.
O final de semana ao lado de gente querida (ficamos na casa de Seu João, pai de minha co-cunhada Patrícia Fraga) e numa cidade tão aconchegante valeu a pena. Nós nos deliciamos com o clima gostoso de um festival culturalmente tão bacana. Fez Tiradentes se tornar ainda mais atrativa.
Na própria sexta-feira, assistimos o filme de estréia: O GERENTE, do Saraceni e com uma atuação brilhante de Ney Latorraca.
Na verdade, o que teve de melhor no filme (pra mim, claro) foi a psicologia por trás do personagem de Latorraca: o gerente Samuel. Se eu não tivesse enxergado belas conexões entre a Psicologia Analítica e o longa de Saraceni, eu o teria achado pior do que foi. Porque ver no comportamento de Samuel a manifestação da Sombra fez todo o enredo fazer sentido. Aí ficou bacana.
Samuel é um gerente de banco, cidadão respeitado por toda a nata da sociedade carioca. Era um gentleman. Impecável em sua conduta social, era apreciado por homens e admirado pelas mulheres. Além de sua posição profissional de destaque, sua postura na alta sociedade do Rio de Janeiro denotavam uma persona impecável.
Porém, quando neguinho começa a se identificar demais com esse rótulo social (Persona), ele reprime ainda mais certos conteúdos sombrios para o inconsciente. E o que acontece? Essa Sombra irá se manifestar de forma insana, imprudente, impulsiva e mesmo nojenta aos olhos da sociedade. É o que acaba acontecendo com Samuel (Ney Latorraca) quando ele transforma um dos gestos mais nobres (beijar a mão de uma dama) em um ato horrendo. Ele passa, involuntariamente, a morder e detonar a mão das damas que são beijadas pelo seu beijo hediondo.
Pronto! É o início da saga em busca da conscientização desse lado sombra. E o desenrolar do filme mostrará como esse processo será. Não vou contar, porque avacalharia muita gente. E valerá a pena observar a relação dele com uma prostituta/”pomba-gira”, a qual, pra mim, representa o contato com sua ânima (que é essencial para a integração da Sombra).
No Sábado à tarde, aí sim, um filme MAGNÍFICO! Chama-se “LEITE E FERRO.” É um documentário sobre a experiência da maternidade dentro de um presídio. A história das mães que amamentam e cuidam de seus filhos por quatro meses na prisão em que se encontram cumprindo pena.
A diretora Cláudia Priscilla captou o momento presente das presidiárias enquanto exerciam seu papel materno. O depoimento das mulheres foi SHOW!! Pena que se concentrou apenas no momento presente delas. Porque a vontade é de saber mais, de vasculhar o passado de cada uma e conectar a situação atual delas com o que viveram anteriormente. Seria bacana também se mostrasse o momento dramático em que, após esses quatro meses, elas teriam de se separar de seus filhos.
Mas isso tornaria o documentário imenso. E no que ele se propôs a fazer, fez muito bem feito. Eu, a Cris e a Patricia assistimos juntos. As duas são psicólogas. Portanto, você imagina o quanto elas se sentiram ainda mais fascinadas que eu por tais mães e suas respectivas histórias de vida…
A maior surpresa – o impacto mais profundo – ocorreu na noite de sábado. O filme “CORTINA DE FUMAÇA” foi uma bomba pra mim. E trouxe abordagens, paradigmas e perspectivas a respeito da questão das DROGAS que eu não tinha até então considerado… Putz… FENOMENAL!!
O Diretor Rodrigo Mac Niven entrevista diversas autoridades no assunto da Descriminalização das Drogas, mais acentuadamente a maconha. No início, me fez lembrar o filme What The Bleep, Do We Know. No desenrolar, ficou com esse formato e mesclado com o estilo Michael Moore de abordar temas polêmicos e colocar o dedo na ferida.
O bacana é que no exato momento em que o filme estava sendo exibido, havia a quadratura entre Vênus em Sagitário e Lua em Virgem. Ou seja, o quanto a questão da saúde (Virgem), muitas vezes, entra em conflito (quadratura) com certas leis, padrões morais e religiosos dogmáticos (Sagitário). Como, por exemplo, a importância de observarmos as questões medicinais (Virgem) da maconha, e, para isso, buscarmos leis mais expansivas, mente-aberta e sem preconceitos (Sagitário em sua forma positiva).
Enfim, um filmaço que, no mínimo, faz a gente pensar. Vale a pena conferir!
Então, valeu TIRADENTES, por essas belas experiências culturais…
Beijãozão nocês…
Yub