Costumo receber muitos e-mails de pessoas que me perguntam sobre 2012. Confesso que, pra mim, será um ano tão desafiante e propício ao crescimento interior como qualquer outro. Não vejo nada de válido nas profecias fatalistas que se espalham por aí a respeito do ano que vem.
Talvez eu tenha essa reação porque fiquei bastante frustrado em 1999, quando esperava pelo apocalipse e me considerava muito especial (um dos 144.000 eleitos) para ser resgatado pelas naves de Ashtar Sheran. E isso não ocorreu.
Porém, eu vivi o APOCALIPSE em 1999. Compartilhei essas expectativas e experiências neste post:
1999 – o ano em que MEU mundo acabou (esse texto está reproduzido ao final deste post, mas quem quer clicar no local original em que ele foi publicado, aqui está):
Já com relação a 2012, o que ouvi de mais próximo ao que eu realmente acredito foi dito pelo meu amigo Gustavo Amorim. Ele é um cara que me assombra pela capacidade de ler os sinais das sincronicidades e os símbolos dos sonhos de uma maneira altamente sábia, inspiradora e esclarecedora. É o que ele compartilha conosco nesta palestra que agora divulgo aqui para vocês. Enjoy!
1999 – o ano em que MEU mundo acabou
Saudações APOCALÍPTICAS a todos!!
Diante desta enxurrada de mensagens trazendo à tona as profecias para 2012, envolvendo Calendário Maia, Planeta prestes a se chocar com a Terra, etc., inevitavelmente me lembrei das experiências que vivi em 1999.
Participava do Projeto Portal, do Urandir Fernandes. Tinha recém-saído da Eubiose. Estava no meu último ano do curso de Filosofia. Pegava as fitas de vídeo de Aldomon. Qualquer palestra sobre Ashtar Sheran, naves que viriam resgatar os escolhidos e fim do mundo, lá estava eu (junto com diversos amigos e amigas espiritualistas que também acreditavam que a Terra não chegaria ao ano 2000 da mesma forma).
Me deparava com as piores previsões ambientais e humanas. Terremotos avassaladores, maremotos horripilantes e guerras ainda mais acentuadas e globais eram esperados e temidos.
Temidos? Nem tanto. Eu e muita gente que participava dessas andanças espiritualistas, no fundo, queríamos que todas essas catástrofes ocorressem. Por mais que aquela tão condenada vaidade dos meios espiritualistas fosse combatida, internamente nos sentíamos como os que seriam resgatados pela frota espacial de Ashtar. Sentíamo-nos íntimos do comandante. Tudo bem, de vez em quando éramos assolados por uma dúvida angustiante: seríamos mesmo uns dos escolhidos? Seríamos de fato resgatados?
Isso tudo gerava expectativa. Aguardar o fim do mundo na transição 1999-2000 mexia muito com a gente. E pensávamos:
– Já que o mundo vai acabar e a Terra passará por tanto caos e transformação, pra que eu farei planos para o futuro?
Minha vida acadêmica estava prestes a terminar, pois formaria no final de 99. Será que o apocalipse ocorrerá no dia da minha colação de grau? Não. Ufa! Ocorrerá no dia 31/12/1999 e 01/01/2000. E eu colarei grau dia 13/12/99.
– Mas o que eu farei depois de formado? Darei aulas de filosofia ou continuarei trabalhando com a Numerologia?
Quando vários pensamentos sobre meu futuro pessoal, afetivo, financeiro, familiar e material me invadiam, preferia não permanecer muito tempo neste estado angustiante. Fugia dos mesmos. E justificava:
– O mundo vai acabar. O caos vai reinar. As transformações serão tão intensas e globais que não há como me preocupar com esses “pequenos” detalhes.
Passava grande parte do meu dia conversando com vários amigos espiritualistas sobre as previsões de Aldomon, Urandir e cia.Ltda.
Quando chegou o Dia 30/12/1999, pensei:
– Este é o meu último aniversário. Espero não estar aqui neste planeta no ano 2000.
Chegou dia 31/12/1999. Notícias sobre o Bug do Milênio. Mas nada do apocalipse tão propagado. Iniciou o ano novo. 2000 estava aí. E nada do apocalipse tão divulgado.
Resultado: frustração. Decepção.
Ano 2000 correndo e eu apresentado ao mundo real, ao mundo das necessidades materiais de buscar meu espaço no mercado de trabalho, me sustentar com mais independência e enfrentar as duras realidades do dia-a-dia. Como foi frustrante pra mim ser jogado no mundo real.
A partir daí vivi MEU verdadeiro APOCALIPSE. O mundo não acabou no ano 2000. Mas MEU mundo sim, este sim terminou. Meu mundo de ilusões com relação a certos paradigmas propagados no meio espiritualista.
Me envolvi numa intensa busca por COMPREENSÃO. Queria compreender o que deu errado e por que eu e tanta gente acreditou nessas profecias todas??
Foi a partir daí que minha visão inocente e infantil foi duramente sendo substituída por uma visão mais profunda da vida, principalmente acerca de nós, os espiritualistas.
Por que acreditamos no final do mundo? O que nos leva a reagir frontalmente a qualquer pessoa mais experiente e pé no chão que nos alerta contra as ilusões apocalípticas que estamos mantendo?? Por que acalentamos essas expectativas de que o mundo iria acabar?
Percebi claramente o quanto nós, espiritualistas, principalmente quando iniciamos nossa busca pela espiritualidade, tendemos a encarar a vida material, financeira, prática e do dia-a-dia com resistência. Percebi o quanto inúmeros espiritualistas iniciam sua trilha espiritual/religiosa por FUGA (e MUITOS de nós se mantêm na mesma por FUGA). Temos medo das durezas da vida. Queremos evitar as cobranças sociais, as pressões financeiras, os compromissos materiais, as responsabilidades práticas da vida.
E a espiritualidade é um alento. É como se ali pudéssemos tentar permanecer na segurança, na proteção e no aconchego do útero materno e do plano espiritual.
Quando compreendi as causas de minha busca espiritual (e que são visíveis em muitos outros espiritualistas), MEU mundo acabou. Vivi o meu apocalipse. E passei a tentar me adaptar à vida do dia-a-dia, à minha subsistência, aos ditames sociais. Não dava mais pra fugir. Por mais que Urandir, Aldomon e cia.Ltda tenham mudado seus discursos, alterando datas apocalípticas, eu não me deixei mais cair nessas ilusões. Pode até ser que o mundo acabe em 2012. Mas eu tenho cada dia pra viver da melhor maneira possível até lá.
Foi aí que descobri que a verdadeia espiritualidade, na minha limitada visão existencial, é a prática dos preceitos espirituais que acreditamos no dia-a-dia que vivemos. Por isso AMO a Voadores, que tem como um de seus lemas: viver a espiritualidade no COTIDIANO.
E, óbvio, quis compreender o que leva tanta gente nesses grupos espiritualistas que conclamam o fim do mundo para uma próxima data depois da frustrante data anterior em que não ocorreu o que as profecias proclamavam.
Passei a conversar mais profundamente com meus amigos e amigas que se manteram nesses grupos. Fui a viagens na Fazenda do Projeto Portal em Mato Grosso. Compareci a outras palestras do Aldomon aqui em BH. E pude perceber o belo trabalho que eles fazem, independente se estão proclamando o fim do mundo para uma próxima data.
Vi que muitas pessoas funcionam mais sobre pressão, inclusive nos meios espiritualistas. rsrs Participam de tais grupos porque, a meu ver, ali há uma certa urgência em mudar, evoluir. Afinal, o fim está próximo. Só que esse fim é estar preparado para o caos do final dos tempos, em 2012.
Então, focando-me no fato de, muitas vezes, os fins justificarem os meios, eu compreendo que essa tão propagada urgência apocalíptica impulsiona, motiva e até empurra muitos amigos e amigas que participam de tais grupos a se moverem, a se melhorarem, a se conhecerem melhor e a serem mais “evoluídas.”
Percebi que tudo tem sua utilidade. E que tudo serve a um propósito maior.
Então, diante do compartilhar dessas minhas experiências, bem como de algumas percepções que as mesmas me incitaram a desenvolver, só posso agradecer a tudo que vivi e percebi em minhas ilusórias crenças de que o mundo acabaria em 1999-2000. Mesmo porque MEU mundo realmente acabou em 1999-2000. A partir daí deixei de usar a espiritualidade como fuga e comecei a tentar praticar a espiritualidade em meu cotidiano.
Se vc acredita que em 2012 o mundo vai acabar conforme promulgado por tais profecias apocalípticas, calendário maia, etc., eu te respeito. E quero aproveitar o MÁXIMO cada dia AO SEU LADO, compartilhando VIDA contigo, diariamente. Vamos aproveitar durante este tempo? 😉
Beijãozão nocês…
Yub