A arte de sonhar e anotar os sonhos…

Desde 1996, eu anoto meus sonhos. Porque aproveitei o respectivo ano para desenvolver o hábito de ter Diário. Pra mim, foi – e é – uma experiência libertadora. Ao escrever o que penso, percebo e sinto, muito da angústia é compreendida. E, claro, diminuída.

Sinto-me sufocado quando não escrevo no Diário. Falar, pra mim, não gera um efeito tão libertador quanto escrever. Tanto é que, na terapia, eu tenho como hábito escrever no Diário o que quero trabalhar ali no consultório de meu psicólogo. Na véspera, eu procuro sintetizar o que passei, senti, imaginei, percebi, questionei e sonhei nos dias anteriores. E levo esse conteúdo para a terapia.

Após a consulta, eu faço o mesmo processo. Escrevo o que conversamos ali – e os efeitos dessa prosa: novas dúvidas, questionamentos, insights, percepções. É como se precisasse da escrita para assentar minhas ideias,  meus pensamentos, meus sentimentos, meu estado interno.

Então, pra mim, a escrita permeia tanto o antes quanto o depois da fala na terapia.

Desde o início do ano, iniciei uma terapia junguiana. Eu, que me considerava já bem familiarizado com os sonhos, estou me surpreendendo… Por mais que já tinha passado por aquela experiência de profundo susto ao reler meus sonhos algum tempo depois de tê-los anotados (e ver na prática sua materialização), essa surpresa está ainda mais forte. Porque esse acompanhamento é, no máximo, quinzenal. Essa percepção da série de sonhos retratando fielmente o que penso, sinto e vivo na prática tem me deixado ainda mais maravilhado…

Antes, eu pegava os sonhos dos últimos seis meses e comparava com o rumo que minha vida havia tomado desde então. Agora esse prazo de comparações – vida onírica X vida prática – é de, no máximo, quinze dias. Mas já vejo em cada sequência de sonhos a mudança.

Antes, eu considerava quase impossível mudar o que determinado sonho havia “previsto.” Hoje já vejo como plenamente possível e plausível – até natural – mudar o que um sonho revela de possível efeito/consequência negativa, caso o tipo de postura que ele retratou seja mudado.

A terapia me ajuda muito nesse sentido. Porque ao trocar ideias com meu psicólogo, ele me alerta para o que não estou percebendo. E os possíveis efeitos perigosos caso persista num determinado comportamento, numa atitude diante da vida. A mudança de hábitos, compreendendo o que estou criando, e alterando o jeito de me comportar, tem efeito visível tanto na vida prática quanto na onírica.

Esse diálogo entre consciente e inconsciente está numa clareza maravilhosa. Impressionante o quanto uma decisão consciente – com a sua respectiva postura diante dos eventos cotidianos – gera uma retratação no inconsciente. E o quanto a mudança no nível consciente altera os sonhos, altera o inconsciente. O conteúdo inconsciente se molda nos sonhos, retratando o que o consciente está fazendo – e vice-versa.

Para perceber esse intercâmbio, esse relacionamento consciente-inconsciente, é fundamental anotar os sonhos… E constantemente lê-los, tentar decifrá-los, tentar enxergá-los na prática, na vida diária… Surpresas constantemente surgirão, mostrando a beleza do poder da decisão… E o quanto os sonhos podem revelar previsões aparentemente fatalistas se não mudamos o modo de nos comportar, porque a manutenção destes hábitos nos levarão irremediavelmente para o ponto em que os sonhos estão mostrando…

Beijãozão nocês..
Yub

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