Acabei de escrever no blog de Tarot sobre o par de Arcanos que tirei no dia em que eu terminei um conto de suspense. E o quanto essas Cartas mostravam algo muito mais profundo do que simplesmente a dinâmica daquele dia de minha vida.
Agora eu quero aprofundar nessas percepções, questionamentos, reflexões e angústias. Todo esse turbilhão foi gerado na terapia do dia 05 de Março de 2013. E as respostas também estão chegando graças à leitura do livro do genial junguiano JAMES HOLLIS: NESTA JORNADA QUE CHAMAMOS VIDA.
Falei para o meu psicólogo que eu me peguei desanimado desde a última sessão. Porque me vi incapaz de mudar o meu ego, de não ser tão controlador. Não me vi conseguindo fazer esse movimento rumo ao Self (Deus Interno/Cristo Interior). E, por isso, fiquei me questionando:
– Para que continuar na terapia? Que sentido terá para mim?
E compartilhei que o que me ajudou a encontrar sentido foi fazer a metáfora de escrever CONTOS (como o mais recente: Minha Timidez e a Negra Toda Vestida de Branco), aplicando-o à minha vida. De que forma?
No conto, eu apenas tinha uma imagem inicial sobre a qual desenvolveria todo o resto. Eu apenas tinha a vontade de continuar, de criá-lo. E tive de superar a angústia de querer terminar logo. A ansiedade de escrever tudo de uma vez e o mal estar da espera. Porque costumo começar um conto e terminá-lo no mesmo dia. No máximo, durante um final de semana.
E aí fui descobrindo o prazer de entrar no mistério, de esperar que na vivência de meu dia as ideias sobre as cenas, o desenrolar da estória e o próximo ponto de virada surgissem. Fui trabalhando em mim a paciência de ser guiado pelo desconhecido, pelo meu inconsciente. Enquanto isso, tentava vigiar os impulsos (instintos?) de querer logo dar um rumo para o conto apenas para ficar livre dessas incertezas e dessa angústia. Ou seja, lidar com o constante conflito entre inconsciente e complexos. Se eu tiver essa postura na vida, excelente!
Ao compartilhar essas percepções com o Ítalo, fomos aprofundando no funcionamento da psique (claro, sob a perspectiva da PSICOLOGIA ANALÍTICA). E aí o Italo disse o seguinte:
– Enquanto os complexos ditarem as regras, o que o ego estará fazendo é reproduzindo os padrões instintivos (os comportamentos e hábitos e vícios que herdamos de nossos pais, avós e cultura). Achará que está fazendo o que quer quando, na verdade, estará seguindo o que os COMPLEXOS querem que ele faça.
Eu disse para o Ítalo que é muito difícil essa vivência, pois é constantemente conflitante. Porque é um cabo de guerra a cada instante: COMPLEXOS versus SELF. Qual seguir? Como diferenciar quando é um e quando é outro?
Aí o Ítalo me disse uma outra revelação:
– Essa luta é apenas nesta fase. Quando os complexos não tiverem mais voz, ou melhor, não tiverem mais poder suficiente para mobilizar o ego (já que suas vozes sempre serão ouvidas, porque os complexos sempre estarão à espreita), aí sim, o conteúdo do inconsciente (as diretrizes do Self) poderão surgir e indicar o caminho. E aí será mais tranquilo.
Mas isso demanda um constante “ORAI e VIGIAI.” Pois é necessário fazer uma escolha a cada instante em nosso dia-a-dia.
E qual a função do EGO nesse conflito? Ele seria um administrador desse conflito? Porque o Self está contando com o ego, para ouvi-Lo. E também os complexos, os quais clamam pela obediência do ego.
O Ítalo me respondeu que a função do ego não é bem a de ser o administrador. Porque o objetivo do EGO é se tornar semelhante ao Self.
Aí imediatamente me lembrei da frase de Jesus:
– Eu e o pai somos um.
É o eu (ego) e o pai (Self/Deus) chegando nesse nível de união (um).
E creio que o ego se torna forte o suficiente para atingir esse nível de semelhança com o self quando ele não se deixa levar pela imposição dos complexos. Esse é o grande teste do ego para mostrar a sua força. Só assim ele provará dar conta de realizar os ditames do Self.
Na hora eu me lembrei da experiência da mãe de uma amiga minha: a Dalva Corrêa. Ela tem uma história inspiradora, a qual pode ser lida no livro O RESGATE DOS ANJOS. Porque ela aceitou os ditames do Self, vislumbrados a partir de uma visão que ela teve com Nossa Senhora. Foi-lhe mostrado o quanto ela tinha como potencial adotar várias crianças e ser mãe de todas. E Dalva foi, contra tudo e contra todos, ainda mais naquela época – que a lei da adoção era horrível e impeditiva – realizando essa tarefa que o Self (representado por Nossa Senhora) lhe apresentou. Quando a conheci, ela era mãe “natural” de três filhos (Damiane, minha amiga, era uma delas) e QUARENTA E SETE crianças!! E não eram apenas de crianças “normais”, saudáveis. Muitas tinham sérios problemas de saúde. Ah! E Dalva usava MARCA-PASSO!!!
O livro dela é FENOMENAL!! Envolve lembranças de outras vidas e o entrelaçamento do destino de várias pessoas… Eis a capa dele:
Eis um exemplo de ego forte. Ego forte não quer dizer, egoÍSTA, ou EGOcêntrico, ou arrogante. Quer dizer simplesmente um ego forte por conta de sua CONSCIÊNCIA.
Como JAMES HOLLIS escreve:
“O que era opressivo para a criança pode ser suportado pelo adulto, se este tiver crescido em consciência.”
Beijãozão nocês…
Yub