A Justiça: o Ânimus negativo da mulher e a culpa de Saturno.

Vejam os detalhes deste Arcano: uma mulher está sentada num trono. Tem em sua mão direita uma espada com a ponta virada para cima. E na mão esquerda, ela tem uma balança com os pratos em equilíbrio. Reparem que a mão que segura a balança encontra-se à altura do coração.
Lembro-me quando ouvi minha professora (a Luciene Ferreira) falando dA Justiça. Sabe qual o termo que a Lu usou: implacável. Eu achei estranho. Naquela época, ainda não tinha reparado nesse atributo “implacável” dA Justiça. Mas nada como a experiência pessoal e de nossos clientes para percebermos, na prática, os reais significados de um Arcano.
Recentemente, no exercício de tirar um Arcano por dia para representar o colorido dessa vivência diária, eu saí com A Justiça. Impressionante o quanto eu estava seco, cortante. Por mais que eu me sentia sensível, eu agia de uma forma completamente racional e estratégica para provocar situações que “ensinariam” o que eu considerava ser necessário para cada pessoa aprender.
Foi aí que compreendi aquela balança segurada pela mão esquerda (associada ao lado sentimental) no nível do coração da mulher presente nesta Lâmina. Ou seja, esconde-se o que sente (coração) para o seu juízo de valor, o que considera certo ou errado (balança), seja privilegiado (está à frente do coração). E com a mão associada à ação (mão direita), você executar friamente (espada) aquilo que pensa ser o que o outro deve aprender (espada).
A consequência da ação que executei de forma fria e implacável não foi nada legal. Logo lembrei do quanto clientes meus dizem o quanto estão obtendo consequências nada agradáveis de certas ações que praticaram e decisões que tomaram anteriormente. Um exemplo foi de uma cliente que está com A Justiça na Casa 8. Ela está enfrentando um processo judicial e precisará pagar uma quantia significativa a um órgão do Estado de Minas Gerais.
Sabem por quê? Porque ela foi negligente com determinadas questões burocráticas e legais há alguns anos atrás sobre  um terreno que tinha. E agora esse órgão está cobrando dela um valor em dinheiro pela sua negligência com os documentos. Eis a consequência dA Justiça. Não é à toa que muitos  tarólogos atribuem um caráter kármico a essa Carta. Karma nada mais é do que ações que geram reações. Porém, associamos ao Karma um peso, um caráter ruim. Eu sei porque fazemos isso. Meus clientes – e minha própria experiência com o Arcano A Justiça – me mostraram: nós nos culpamos pelas ações que fizemos e que agora estão gerando reações nada agradáveis.
Aquele colorido implacável dA Justiça é direcionado, agora, para nós mesmos, por termos sido negligentes no passado ou muito frios e donos da verdade – o que nos levou a tomar decisões cortantes e friamente estratégicas em relação aos outros. A Justiça mostra que, na mesma proporção que fomos implacáveis, assim seremos conosco mesmos. Porque nos culparemos por termos sido tão rigorosos com os outros. Toma distraído!
Obs.: Por isso vi bem presente essa questão da culpa que enxergo em Saturno (astrologicamente falando) na dinâmica dA Justiça.
O mais surpreendente foi ler isto aqui hoje, enquanto estudava Psicologia Analítica para produzir um post no meu outro blog (o yub-universosimbolico). Veja se não é a cara da pura descrição dos significados dA Justiça:
“O ânimus é rígido, cheio de princípios, legalista, dogmático, reformador do mundo, teórico, emaranhando-se em argumentos, polêmico, despótico.” Jung, em os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo
Ânimus representa o lado yang na psique da mulher. E quando se expressa negativamente, assume essas expressões. A mulher julga tudo e todos com uma rigidez absurda, como se fosse “a dona da verdade.” Solta aquelas opiniões cortantes, polêmicas e generalistas, repletas de certeza. Cheia de teorias para mudar as coisas, reformar o mundo. Reage a qualquer situação com um tom extremamente crítico e frio. Enfim, usa a funçaõ pensamento (Elemento Ar, Naipe de Espadas) de uma forma negativa. Anula seus sentimentos, sua capacidade de compreender e de ser amorosamente compassiva (Elemento Água, Naipe de Copas) por conta desses julgamentos implacáveis (Naipe de Espadas, Elemento Ar, expresso de forma negativa).
Em termos simbólicos, a espada (habilidade comunicativa e social) é usada para ferir. E influencia negativamente para que seu poder de julgamento (balança) esconda seus sentimentos (fica à frente do que sente em seu coração).
Engraçado… descrevendo essas dinâmicas internas e externas relativas à Justiça, parece que estou falando da Rainha de Espadas. rs Qualquer semelhança não é mera coincidência. rsrs A Rainha de Espadas é o xerox autenticado dA Justiça. É a versão Arcano Menor desse Arcano Maior. Tanto é que o mesmo raciocínio simbólico vale. Acompanhe-me:
As Rainhas são associadas ao Elemento Água (sentimento, emoções, segurança). Espadas é assocado ao Elemento Ar (pensamento, ideias, habilidade verbal, intelecto acentuado). E a junção de ambos na Rainha de Espadas gera justamente o conflito entre coração e intelecto citado nA Justiça.
Quando a Rainha de Espadas sai em seu jogo, pode saber que uma mulher com esse perfil de controlar as emoções através do intelecto irá aparecer. E o que até então não tinha observado é que quando a Justiça também sai em seu jogo de Tarot, uma mulher com esse mesmo estilo comportamental exercerá uma forte influência em sua vida, de acordo com a pergunta e os assuntos da Casa do Método usado por você. Afinal, tem uma mulher presente nesta Lâmina!?!?
Nesse sentido, quando A Justiça ou a Rainha de Espadas sai num jogo de Tarot para homem, é bom ele refletir sobre como ele vem lidando com sua ânima (a faceta yin de sua psique). Essa reflexão me ajudou bastante a entender algumas questões que eu estava vivendo naquele fase em que A Justiça foi a Carta do Dia.
Beijãozão nocês…
Yub

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