Cada vez mais percebo o quanto a maturidade ocorre à medida que a visão de que os pais não são perfeitos cresce. É proporcional. Quanto mais enxergamos nossos pais como seres humanos, naturalmente imperfeitos, com defeitos, mais abrimos as portas para o amadurecimento.
Percebo que crianças/adolescentes que perdem o pai e/ou a mãe são empurrados pela vida a amadurecerem precocemente. E, claro, se tais crianças/adolescentes não têm uma estrutura psíquica para dar conta desse baque, dessa ausência e dessa necessidade de amadurecer mais cedo que outros, o risco de pirar, surtar e buscar um refúgio em alguma fuga existencial é imenso. As drogas, por exemplo, tendem a ser uma dessas saídas (fugas), sinalizando que a pessoa não está dando conta de amadurecer.
Lembro quando comecei a ver os defeitos, as intenções nada “positivas” por trás das ações de meu pai e de minha mãe. E falava isso com minhas irmãs. Elas quase me linchavam. Deve ser coisa de capricorniano, que tem um olhar muito realista (às vezes considerado pessimista) das coisas. E acaba nascendo velho (sendo levado por sua natureza a amadurecer precocemente).
O fato de a criança considerar seus pais como super heróis faz parte da jornada da individuação. Mas até que ponto insistir em manter essa imagem idealista – e recusar a enxergá-los de forma mais real, como seres humanos naturalmente imperfeitos?
Eu creio que essa recusa em tirar o olhar idealista dos pais é um sintoma, um grito da pessoa:
– Eu não quero amadurecer. Quero ser constantemente protegido/a por meus pais. Não quero enfrentar as duras realidades da vida. Prefiro continuar acreditando que meus pais são super heróis, perfeitos, superiores.
Não é à toa que a dor de ver os pais envelhecendo e repletos de limitações físicas dói. Ou mesmo se deparar com a doença de um deles e vê-los definhando. Porque fica difícil manter uma visão idealista dos pais quando isso ocorre… E a resistência em encarar esses ciclos da vida e essas naturais situações (envelhecimento, doença, morte) é uma recusa em amadurecer.
Daí o fato de considerar muito importante trabalharmos essa visão mais realista dos pais e os enxergarmos como humanos, demasiadamente humanos. Ver seus erros. Compreender estes erros como parte do pacote humanamente imperfeito que cada um deles – e todos nós – carregam. Com a compreensão, o perdão. E, consequentemente, surge a oportunidade de amadurecermos. Pois passamos a ter a responsabilidade por nossas escolhas e decisões.
Beijãozão nocês…
Yub