O significado daquele anjo (cupido) ali em cima ganhou uma conotação ainda mais ampla e profunda para mim. Não é simplesmente a flecha de um cupido que nos tornará magicamente apaixonados por alguém. Vai muito além disso…
O que tenho percebido é que esse anjo representa um emissário do destino. E é o que mais desejamos naquelas situações em que nos imobilizamos pela dúvida e a angústia de escolher dói. Porque é muito mais fácil esperar pela intervenção divina para decidirmos entre duas pessoas, dois empregos, enfim, duas alternativas.
Queremos que algo externo decida por nós. Evitamos as consequências de uma decisão – e o maduro comprometimento que esta demandará. Preferimos enrolar duas pessoas, não dizer não, sair pela tangente e ficar na nossa zona de conforto. Assim evitamos perder uma opção, gerar conflitos e nos arrepender.
Quanto mais vejo o Enamorado presente nos jogos de meus clientes e eles compartilham suas histórias comigo, mais noto que o problema não é NÃO SABER O QUE QUEREMOS. O real problema se encontra num nível mais profundo. A causa da aparente falta de clareza sobre quem ou o que verdadeiramente desejamos está na incapacidade de bancar uma escolha, de se comprometer com uma decisão.
Pagar o preço de uma escolha é o que as pessoas evitam. Preferem deixar o outro escolher para elas – nem que esse outro seja um acontecimento trágico, um acontecimento radical, uma interferência divina, uma influência do destino.
Rezamos para não escolher porque não queremos bancar nossa vontade, nossa escolha. Preferimos deixar várias gavetas apertas, portas destrancadas e pessoas em “banho maria”. Porque assim ainda teremos opções quando a vida, de alguma forma, tirar algumas opções do nosso cardápio existencial.
Ou seja, vamos cada dia mais tornando aquela figura ali em cima – o agente do destino – como o protagonista da nossa vida. Porque aqui embaixo vivemos divididos entre duas ou mais pessoas ou situações. E não queremos bancar o preço de uma escolha. Estamos constantemente em busca de um milagre, de uma solução mágica apresentada pelo destino. Assim evitamos nos culpar depois por não termos sido capazes de mergulhar num caminho e investirdos comprometidamente nossa energia numa decisão.
A culpa do Louco (conforme escrevi neste post: http://yub-tarot.blogspot.com.br/2012/07/quando-culpa-e-heranca-que-levamos-nas.html) parece que tem a sua matéria-prima aqui no Enamorado…. Porque se não decidimos, não nos culparemos. Preferimos culpar tudo e todos, qualquer um e qualquer situação externa, pelo fato de terem escolhido por nós. Que a vida receba a culpa por nossa infelicidade, nossa vida profissional, amorosa e familiar. Assim continuamos nessa postura Enamorado de passividade existencial. Sempre à espera de um milagre que magicamente nos trará o que queremos – mas não queremos admitir que queremos e muito menos queremos bancar nosso desejo de o querer.
Beijãozão nocês…
Yub