Quando eu era pequeno, tinha um medo fora do comum da morte. Não tinha um dia sequer que eu não era assombrado por esse terror. Lembro-me como se fosse ontem de um episódio da minha infância. Tinha cerca de 9 anos. Meus pais saíram para o supermercado e demoraram uma eternidade. Meus avós maternos moravam conosco. Minha avó, muito religiosa, sofreu comigo. Pois lhe transmiti todo o meu medo de que meus pais tinha morrido. Ela, já naturalmente preocupada, também se envolveu naquele terror vivido por mim. E passamos a rezar compulsivamente. Eu e ela. Ela e eu.
Até que meus pais chegaram do supermercado. Quando os vi, pensei comigo: por que eles estão tão tranquilos assim? Não têm noção do quanto fiquei aterrorizado? Não houve nada de perigoso que atrasasse a chegada deles? Eles estão tão… normais. Como se nada tivesse acontecido…
Tive vergonha do drama que criei para a minha avó. E da angústia asfixiante sentida por mim.
Daquele em dia em diante, fui movido pela raiva. A raiva de ter me descontrolado tanto. Por causa da possibilidade dela: da morte. Não mais reagiria assim. Não. Eu me vingaria da morte. Dedicaria cada dia da minha vida para vencê-la, para não ter medo dela: a morte.
Assim fiz. Enfrentei o terror que a simples menção da palavra MORTE provocava em mim. Todo santo dia eu pensava nela e me preparava para recebê-la, seja diretamente seja indiretamente. Se alguém morresse, principalmente alguém querido e próximo a mim, eu estaria pronto para enfrentá-la. Se fosse eu, a encararia nos olhos e cuspiria em sua cara.
Quando, aos 19 anos, uma tia minha de Sete Lagoas/MG, a qual frequentava um Centro Espírita, me apresentou um livro do Chico Xavier, fiquei fascinado. Mergulhei no Espiritismo. Depois no Budismo, Hinduísmo e outros paradigmas orientais. Sempre focado na beleza de se encarar a morte com mais sabedoria. Da vingança contra a morte, eu passei a enxerga-la como uma companheira íntima.
Tenho Lua e Marte (este é o regente do meu Ascendente em Áries) em Escorpião e na Casa 8. Tenho meu Sol em Capricórnio em Quadratura com Plutão. Plutão, Escorpião e Casa 8 costumam ser posicionamentos astrológicos diretamente associados ao tema MORTE. Meu fascínio e meu terror diante de tudo que envolve a MORTE podem ser bem vistos nesses posicionamentos astrológicos.
E na viagem de lua-de-mel e férias que fiz com a Cris nesse final de Julho, esse tema voltou a reinar visceralmente em mim. Um pouco antes de nosso casamento e da nossa mudança residencial, senti fortemente a angústia de morte. E durante nossa estadia na Costa do Sauípe, a Cris levou o livro DE FRENTE PARA O SOL: COMO SUPERAR O TERROR DA MORTE, do Irvin D. Yalom (o mesmo autor de Quando Nietzche Chorou e A Cura de Schopenhauer).
Deixei um pouco de lado o romance policial de um dos autores que mais admiro desse gênero: David Baldacci (Por uma fração de segundo é o título do livro). E me dediquei ao DE FRENTE PARA O SOL.
Meu Deus… que livro! ADOREI!! Fiquei encantado com os relatos do autor. Pela primeira vez, ele escreveu sobre ele mesmo. No capítulo 6, Irvim compartilha as experiências que teve e tem com a Angústia de Morte. Enriqueceu ainda mais os exemplos práticos de seus pacientes, pois ele revelou seus próprios medos, vulnerabilidades e sua sabedoria com enorme sinceridade.
Sempre fui fã de pessoas que ENSINAM usando seus próprios exemplos pessoais como aprendizados a transmitir. Porque demonstram que seu saber não é algo puramente intelectual, mas VIVENCIAL. Falam com mais propriedade, por terem VIVIDO o que aconselham/propagam.
Foi aí que percebi um detalhe: NUNCA ouvi nem li um ASTRÓLOGO profissional (e que ocupa uma certa posição influente nesse meio) dizer que teve e/ou tem MEDO DE FAZER PREVISÕES PARA SI. Sinto falta de ler nas listas de discussão do yahoogrupos e de comunidades do Orku experiências práticas dos Astrólogos (Tarólogos e Numerológos), principalmente sobre como reagem às previsões de seu próprio Mapa Natal, por exemplo.
Eu digo claramente: EU TENHO MEDO DE PREVISÕES. Inicialmente, costumo observar o pior, enxergar o lado catastrófico de certos trânsitos. E me preparo para esse pior. Quando percebo que o pior dos piores é justamente a MORTE, ou seja, eu MORRER, me tranquilizo. Porque me preparo para essa possibilidade, tento aceitá-la.
A partir daí, eu me concentro nas outras possibilidades de significado de tais trânsitos astrológicos. Porque cada posicionamento astrológico representa uma gama de possibilidades, tanto “positivas” quanto “negativas.” Depois de aceito o “negativo”, há condições de me focar no “positivo” e trabalhar em prol do melhor. Procuro desenvolver – interna e externamente – pensamentos e comportamentos condizentes com o mais auspicioso. E, obviamente, tento me entregar ao que quer que seja. Se ocorrer o negativo ou o positivo, gosto de estar entregue, aberto, receptivo, preparado para obter os específicos aprendizados que tal posicionamento astrológico tende a representar – quer se manifeste “positivamente” ou “negativamente.”
Nas reflexões desses dois, três últimos meses envolvendo a angústia de morte foi que compreendi o quanto minha dedicação ao me enveredar por esse ramo da Astrologia, da Numerologia e do Tarot talvez tenha como causa-mor a vontade de tornar a MORTE uma companheira íntima, uma guia: aquela que me conduz na vida, para viver cada vez mais consciente e intensamente.
Beijãozão nocês…
Yub
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