Bebê: uma obra de Deus. Adulto: uma obra do Demônio?

Tô aqui matutando. Vira e mexe um vizinho vem perguntar sobre a Sophia. Aí, papo vai, papo vem, solta-se aquela frase mais que batida:

– Bebê é uma obra de Deus, né?

E você? O que é? Um adulto, um bebê crescido, pôrra! Ou seja, VOCÊ também é OBRA DE DEUS!

Parece que bebês são seres de outro planeta. Do Planeta Céu. Um enviado puro de Deus.

Só que a gente esquece que tem ume espírito ali. Dentro de um corpo de adulto, também há um espírito. A diferença é que já se viveu bastante, cresceu, experimentou mais coisas quando se é adulto.

Então, justamente por isso, diante do que foi vivido, a gente chega à idade adulta e perde a condição de obra de Deus?????????

Imagine a Igreja São Franciso de Assis, aqui em BH. A igrejinha da Pampulha, da Lagoa da Pampulha.

Quem a criou foi Niemeyer. Depois que ela foi feita, depois de nascida, erguida, desenvolvida, ela passa a ser de autoria de um estagiário de arquitetura da pior faculdade do Brasil? Não, né? Continua sendo obra do genial Niemeyer, do “deus” da arquitetura.

Ocorre o mesmo conosco. Não perdemos a condição de obra de Deus por ter vivido e nos tornado adultos.

Hummm… Acho que eu entendo o porquê as pessoas falam isso… Saindo com Sophia no sábado, meu chato olhar filosófico ficou intrigado com o fato de ver uma reação em comum por parte das pessoas diante de um bebê, de QUALQUER bebê.

Na verdade, o gatilho para esse olhar questionador e filosófico do sábado foi o fato de ver uma mulher – sentada no ponto de ônibus e virada para a rua, aguardando a chegada da lotação – quase ter um torcicolo por virar bruscamente, arregalando os olhos ansiosos por ver o bebê que estava no colo da Cris. O bebê Sophia.

Eu fiquei intrigado com aquilo. É uma reação super comum. Muitas pessoas param tudo e entram num mundo mágico quando olham para um bebê. Querem se aproximar, pegar, reverenciar. Um bebê parece não somente uma obra de Deus, mas o próprio Deus encarnado.

E aí eu saquei. Bebês são VIDA em POTENCIAL. São a explosão pura e cheia de VIDA. E as pessoas estão tão MORTAS nas suas vidinhas horríveis, rotineiras, enfadonhas e pesadas que só sentem novamente uma FAGULHA de VIDA ao verem a VIDA EM POTENCIAL PLENO: um bebê.

Ocorre o mesmo com cachorros pequeninos ou filhotes. Há uma comoção quase sobrenatural e mágica que faz as pessoas se derreterem.

Os bebês representam a vida que acaba de nascer e ainda não foi maculada pela existência humana… Se as pessoas enxergassem por trás da aparência de bebê e lembrassem que há um espírito ali dentro que viveu bagarai e já experimentou um tanto de coisa “adulta”…

Enfim, isso é que dá eu começar a ler Chuck Pallaniuk e já sentir as influências dessa leitura… Ou estou de fato me tornando mais capricorniano/escorpiano mesmo… rsrs

Beijãozão nocês…
Yub

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