Eu sou fã de Woody Allen. Gosto de gente que reflete – com bom-humor – sobre o tema relacionamentos. E considero-o mestre nesse sentido.
Assisti o último lançamento do diretor: “Você vai conhecer o homem de seus sonhos.” Creio que ele descreveu de forma bem clara a nossa tendência de buscar a solução mais cômoda diante de uma crise.
Diante de um problema, em vez de assumirmos nossa parcela de responsabilidade, nós culpamos o(s) outro(s) e teimamos em permanecer sofrendo. Até que não aguentamos mais sofrer e… tomamos uma decisão muito cômoda, paliativa. Esta representa uma tentativa imatura de resolvermos um problema.
Achamos que iremos superar uma crise buscando uma solução cômoda. O cara mais velho, para manter-se eternamente jovem, procura uma mulher bem mais nova que ele. O fracassado profissionalmente mantém-se repetindo o mesmo comportamento no trabalho e procura uma paixão pela vida ao se separar da mulher e encontrar uma mais jovem e repleta de idealismo romântico. A mulher insatisfeita profissionalmente e afetivamente, projeta seu sucesso no patrão bem-sucedido e fantasia uma relação com ele. Separa-se do marido e fica esperando o patrão cortejá-la para ela ter as duas coisas comodamente: sucesso profissional e um marido melhor. A senhora abandonada pelo marido, que a trocou por uma jovem, procura numa cartomante charlatã previsões positivas e otimistas sobre seu futuro – e ainda fantasia estar ao lado de um moreno alto, forte e brilhante.
Às vezes vejo a gente buscando o caminho mais cômodo, simplesmente para aparentar externamente que estamos fazendo algum movimento no rumo da superação das crises. Isso só as aumenta e intensifica o drama da angústia e do vazio existencial.
O filme, pra mim, mostra bem essa mensagem. É melhor nos iludirmos com paliativos do que lidar com a crua realidade de uma forma madura. É o que costumamos ver na vida, nas diversas fases existenciais, principalmente na famosa “crise da meia-idade.”
Beijãozão nocês…
Yub