A vida é mesmo um enigma… E eu, na minha eterna busca por certos princípios, padrões existenciais, me deparo com experiências que muito me intrigam.
Tenho dois casos para compartilhar hoje. Ambos retratam esse mistério que reina no futuro – e que o presente parece mostrar, apontar, retratar. Até que ponto uma insistência em um objetivo, o qual há anos não se obtém, não aponta um sofrimento futuro que, no fundo, relutamos em enfrentar?
Só que a relutância em enfrentar essa experiência desafiante do futuro é quase que absolutamente inconsciente. Porque, no presente, apenas queremos o que queremos. E continuamos tentando, tentando, pretendendo, desejando, indo na direção do pretendido.
Bom, deixe-me dar os exemplos que ficará melhor o entendimento.
Primeiro caso: um casal de um círculo social próximo a mim tentou durante anos engravidar. Fizeram vários tratamentos, científicos, médicos, espirituais, enfim, tudo o que se possa imaginar para que a gravidez ocorresse. Nada! Até tentaram adotar uma criança. Mas não conseguiram, pois houve um problema burocrático.
Então, depois de muitos anos e tentativas, eles, enfim, conseguiram. Só que houve um detalhe que demandou MUITO sacrifício. A mulher teve de permanecer deitada durante os nove meses de gestação, por conta do risco de perder o bebê, uma vez que ela tinha um problema no útero.
Fico pensando numa coisa: o inconsciente da gente sabe das coisas. Sabe o futuro. Nós, conscientemente, não enxergamos com clareza o que pode acontecer futuramente. Apenas temos intuições, sentimentos, pressentimentos, reações corporais e emocionais que podem nos dar belas dicas do que virá por aí.
Até que ponto essa mulher, sabendo – inconscientemente – o que teria de passar durante nove meses de gestação, acaba não influenciando na dificuldade em gravidez. Até que ponto o fato dela – inconscientemente – saber o que teria de viver de sofrimento durante sua gravidez não era um fator que impedia a gravidez?
Segundo caso: um casal ficou noivo durante oito anos. E o camarada nada de propor o casamento, fazer o pedido, marcar uma data, enfim, movimentar esse processo. A noiva, então, cansada de tanta enrolação, demora, espera, “banho maria”, tomou a iniciativa. Disse que queria casar e que se encarregaria de movimentar toda a burocracia e tal. O cara passivamente aceitou.
Eles se casaram. Passados uns onze anos de casados, ele teve um surto psicológico. Quase foi internado. Passou quase um ano tendo episódios psicóticos e gerando um trabalho e sofrimento atrozes para a mulher e os filhos que tiveram. Foi uma barra pesadíssima que a mulher teve de suportar durante esse período.
Fiquei pensando: até que ponto esse camarada não sabia – inconscientemente – o que provavelmente passaria em termos psíquicos-mentais e, por isso, não queria passar por essa experiência sofrida (e nem fazer a mulher e os filhos sofrerem com tudo isso)? E, por saber inconsciente desse futuro, adiava o casamento e extendia o prazo de noivado??? Por ainda relutar em viver o que viveria de sofrimento nesse surto que teria, ele – inconscientemente – preferia não casar?
Eu fico me perguntando até que ponto algo que se extende por anos sem se desenvolver, sem ser alcançado um objetivo, não é um sinal de que o inconsciente sabe que algo bem puxado poderá ocorrer futuramente. E para evitar esse algo, mantém-se uma situação paralisada, morosa, entediante por anos e anos….
Beijãozão nocês…
Yub