Lembro-me da época em que eu era espírita (hoje considero-me um espiritualista). Como frequentei alguns centros espíritas aqui em BH, tive contato com muitas pessoas apreciadoras desse paradigma. E um detalhe – comum na maioria – me chamava a atenção.
Todas eram fãs incondicionais de Chico Xavier. Também era e sou. Porém, elas colocavam o mineiro num patamar de “evolução” tão alto e se consideravam tão “inferiores” em relação a ele… e isso era feito de uma maneira muito acentuada. Eu ficava intrigado com essa tendência costumeira.
Na minha natural disposição detetivesca, de buscar enxergar as motivações por trás das ações, me fazia alguns questionamentos. Por mais que eu considerasse Chico Xavier um cara phodão, eu o tinha como referência e inspiração para alcançar um nível bacana de postura existencial. E via com naturalidade o pleno potencial e capacidade que cada um de nós tem para viver de forma tão compreensiva e amorosa como ele.
Enfim, eu o via HUMANO. E notava a recusa das pessoas em colocá-lo nesse “nível” humano. Elevavam ele a status de perfeição. E o tornavam cada vez mais longe de si, de seu atual estado de consciência/evolução. Foi aí que notei um detalhe que, pra mim, fez todo o sentido.
As pessoas o elevam a uma posição estratosférica de evolução justamente para colocar esse ideal bem, mas bem longe mesmo, da atual posição em que se encontram. E, com isso, justificarem seus defeitos, limitações e “imperfeições.”
Daí notei essa tendência nossa de colocar nossos ídolos num patamar inalcançável. Teimamos em não vê-los como humanos, naturalmente “perfeitos” em sua natural imperfeição humana. Não admitimos que nossos ídolos tenham defeitos.
A provável causa desse hábito é colocarmos na nossa cabeça a incapacidade nossa de sermos, pelo menos, parecidos no estilo consciencial com aqueles que admiramos, com nossos ídolos. Assim, não precisaremos ficar tão envolvidos no processo de crescimento e amadurecimento psíquico, emocional e existencial. E justificaremos nossas falhas, nossos erros, nossos defeitos dizendo que não somos capazes de chegar nem aos pés de Chico Xavier.
Enfim, elevamos nossos ídolos ao nível da perfeição para continuarmos dormentes e significativamente inconscientes na vida. Deixe que eles vivam para nós o que somos capazes de viver – mas não o fazemos por comodismo.
Beijãozão nocês…
Yub