O Banquete, de Plutão. Nas cavernas profundas, estavam reunidos alguns convidados. Mais precisamente, sete convidados.
O Anfitrião ocupava o lugar vazio no centro da mesa, ao redor da qual se encontravam os convidados. Algumas vezes, tínhamos a impressão, a profunda impressão, de que ele sentava-se no mesmo espaço em que cada convidado ocupava. Um aspecto misterioso ficava por conta da flor que cada convidado segurava em suas mãos. Será que ela representava o convite enviado pelo Anfitrião? De todo modo, a atmosfera que inicialmente reinava na reunião era de apreensão. Mas, apreensão em relação a quê? Talvez pelo ar de mistério e suspense. E isso seria motivo suficiente para trazer à tona, quase de maneira palpável, o medo de cada convidado. E cada um possuía uma espécie de medo… O que seria servido naquele Banquete, o Banquete de Plutão? Por enquanto, todos apreciavam o mais extasiante vinho, talvez para relaxar… talvez para inebriar… O fato era que o vinho era servido e nenhum convidado recusou. Aproveitando o clima estrategicamente criado e irradiado, o Anfitrião, agora sim, ocupando o centro vazio da mesa, tomou a palavra. Logo quando começou a falar, todos estranharam, pois perceberam que não saíam palavras da boca do Anfitrião. Este falava, com profundidade e sem rodeios, indo ao cerne de cada questão relativa a cada convidado, através do seu olhar. Mas que olhar eloqüente… E por mais que eles tentassem, nenhum conseguia tirar os olhos – Mesmo tratando de questões particulares compatíveis a cada um de vocês, talvez seja de extrema importância (quase vital) que todos as escutem. Ouçam com todo o seu ser, pois cada conselho que ministrarei servirá para todos, uma vez que há um laço comum ligando-os: o Medo, o Medo do Poder. Após comunicar com o olhar tal recado, o Anfitrião fez uma pausa. Esta também era repleta de eloqüência, a fim de que cada convidado fosse inquestionavalmente tocado e influenciado pela verdade nele expressa. Percebendo o efeito unânime provocado na alma dos 7 convidados, o Anfitrião tomou novamente a palavra. Embora agora já não fosse possível saber se ele falava da posição em que se encontrava inicialmente, ou se ele ocupava a mesma posição daquele respectivo convidado para o qual direcionava seu recado. Talvez o Anfitrião Ele disse ao primeiro convidado:
– Meu caro Sol, se você aceitou meu convite, o que muito me honra, isso quer dizer que optou por vencer o teu medo. Se veio me visitar em meu Reino, é porque aceitou, mesmo que por pressão (por uma sutil e poderosa pressão), a aceitar, encarar, compreender e transformar o teu medo – disse o Anfitrião ao Sol, tomando mais um gole de seu delicioso vinho enquanto o respectivo convidado engolia em seco. E continuou: – Chegou a hora de encarar o medo de assummir o verdadeiro Poder, o qual transformará teu senso de identidade, auto-estima e criatividade. Chega de tentar renegar o Poder que está em ti e que deve brilhar por teu intermédio. Chega também de exercer e direcionar esse Poder de uma maneira manipuladora, cruel, egoísta e destrutiva. Chegou o momento de colocar tua luz a serviço do Poder de tua Verdadeira Natureza, e, assim, expressar sua luminosidade através do auto-domínio. Através dele, terá a capacidade de transformar a tua vida e a vida dos que o cercam, se assim eles quiserem. O importante é você integrar conscientemente sua sombra e sua luz, sendo um veículo de Poder Gerador, Transfomador e Alquímico, por ter alcançando um profundo nível de autoconhecimento e auto-realização. O convidado que estava ao lado do Sol percebeu que aquele olhar, aquele penetrante olhar, acompanhado daquele eloqüente silêncio, vinham em sua direção. A reação foi a de largar o copo de vinho e tentar ser mais receptivo ao recado que o Anfitrião tinha para si.
– Lua, tua presença aqui em nosso Banquetee vem trazer aconchego, intimidade e familiaridade. Deixa-nos mais à vontade para perceber que a riqueza de meu Reino não é visível, não é – como um antigo profeta dizia – deste mundo. O Convidado ao lado ficou irrequieto, sua mente, então, nem se fala. Era inevitável o encontro com o Anfitrião. Afinal, suas mãos, tão habilidosamente desenvolvidas, seguravam a flor – símbolo da sua aceitação para estar presente no Banquete, de Plutão. E ouviu:
– Mercúrio, meu querido parente. Não preciiso dizer-lhe o que falei aos nossos dois convidados anteriores, porque sei q você já pensou a respeito e comprovou tal fato. O próximo convidado abriu aquele sorriso encantador. Pegou sutilmente a taça de vinho e direcionou-a ao Anfitrião para que este a preenchesse com aquele líquido inebriante que mata a sede da alma. Assim foi feito. O próximo convidado encantadoramente bebeu mais um gole de seu vinho. Olhou ao redor e não encontrou os adornos que costuma ver e apreciar no mundo onde reina. Percebeu que as belezas e as riquezas valorizadas ali eram outras, aparentemente invisíveis. O Anfitrião, então, se concentrou mais intensamente para dizer-lhe:
– Vênus, minha linda, tua presença aqui embeleza e alegra o nosso Banquete. E mostra o quanto estás preparada para assumir sua verdadeira beleza, fundamentada no verdadeiro valor: de teu profundo poder harmonizador. O próximo convidado quase saltou impulsivamente de sua cadeira para travar um embate com o Anfitrião. Porém, não teve coragem para isso. O olhar penetrante que expressava aquele silêncio eloqüente o dominou, sutil mas poderosamente, fazendo-o ouvir:
-Marte, meu valente guerreiro, tua dinâmica e corajosa presença só enaltece a nossa reunião, o nosso Banquete. O último convidado abriu aquele sorriso largo e quis servir mais uma rodada de vinho por sua conta a todos os convidados e ao Anfitrião. Queria brindar a alegria de estarem ali aprendendo e compreendendo algo a respeito da Existência. Como talvez ele provavelmente derramaria vinho em algum dos presentes, não quis arriscar que esse premiado fosse o próprio Anfitrião. Preferiu, então, agradecer a este o convite e a hospitalidade de seu Reino.
Após o agradecimento, o Anfitrião, sorrindo internamente (o que era a única forma
– Magnânimo Júpiter, é uma honra tê-lo aquui e saber que irás compreender aquilo que tenho para dizer-lhe. Júpiter compreendeu. E agradeçeu, abençoando aquela experiência. O último convidado, dos 7 ali presentes, aparentava uma frieza auto-controlada impressionante, talvez como defesa para seus medos e para a necessidade de transformação que o Anfitrião iria propor. Mas, disciplinadamente, organizou-se internamente para ouvi-lo.
– Saturno, mestre dos mestres, irei diretoo ao ponto contigo, sem floreios. Porque você, talvez até mais do que eu, já sabe os seus pontos vulneráveis e o que precisa aprimorar, desenvolver.
Saturno, e mais os outros 6 convidados, agora tiveram a certeza de enxergarem o Anfitrião tomar o lugar central-vazio da mesa. Todavia, permanecia a sensação de que este estivesse presente onde estavam sentados, tal como ocorrera quando ouviram-no falar com cada um. – Vocês, hoje, entraram em contato com a verdadeira riqueza que meu Reino possui: a – CLAP CLAP – o Anfitrião bateu palmas e os carrinhos negros, onde as comidas estavam, eram puxados por dois Irmãos do Anfitrião. Todos os convidados se deliciavam com cada prato servido pelos dois Irmãos do Anfitrião – temperados com o mais Divino Encanto (Netuno) e Originalidade (Urano). E continuaram a degustar os mais saborosos vinhos. No fim do banquete, de Plutão, os 7 convidados foram levados pelas carruagens negras do Anfitrião. Cada um recebeu um envelope que só poderia ser aberto quando estivessem em suas respectivas Casas. Nele estava escrito:
– BUH! |
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