Saudações SABIAMENTE LOUCAS a todos!!
Em 1997, há um ano cursando filosofia na PUC, fui com meu amigo Kélsen André num ciclo de palestras na Associação Médica aqui em BH. O movimento antimanicomial surgia com o lema Liberdade ainda que tan tan. Refletia o lema da bandeira de Minas Gerais: Liberdade ainda que tardia.
No dia 18/05, a luta antimanicomial se manifestou nas ruas de BH e em várias faculdades de uma maneira muito bela. E o Kél me enviou um e-mail. Divulgou isto:
O Poema é de Victor Martins dos Santos e chama Quem é louco?
Quem é louco? Ele que ouve vozes Ou você que nunca ouve ninguém? Ele que vê coisas Ou você que só se vê? Ele que fala o que pensa Ou você que fala sem pensar?
Quem é louco? Ele que diz ser rei Ou você que se acha um e não diz? Ele que não controla seu humor Ou você que finge ser estável? Ele que cria neologismo Ou você que não sai dos estereótipos?
Quem é louco? Ele que tem fuga das idéias Ou você que não abre mão das suas? Ele que não dorme a noite Ou você que passa a vida inteira dormindo? Ele que tenta se matar Ou você que se mata todos os dias?
Em fim quem é louco? Ele que não se mascara Ou você que tira a máscara e vive uma vida de fantasia? Quem é louco? Que tire a máscara antes de perguntar.
Esse poema me lembrou bem a dinâmica do Arcano O LOUCO do Tarot.
Quando esse símbolo se apresenta, podemos ouvir as vozes repressoras da sociedade:
– Trate de se vestir direito. – Coloque roupas que combinem. – Pare de andar tão desleixado e distraído. – Concentre-se. – Olhe para frente e preste atenção no seu caminho. – Ande corretamente. – Tome modo, moço! – Seja responsável! – Você TEM de ser assim, assim e assado. – Faça sempre deste jeito! – Não ouse arriscar-se; siga na linha.
Enfim, conselhos que a sociedade e nós tendemos a cobrar dos loucos e do nosso lado “Louco.” Ficamos incomodados com a liberdade, o desapego e o desprendimento do Louco. Sua imprevisibilidade nos assusta. Pois não há como esperar um comportamento formal, padronizado, “correto”, seguro.
E por essa impossibilidade de controlar o inovador, o não-convencional e “o que dá na telha”, os loucos e nossa faceta “Louca” nos assombram. Ficamos desconcertados, temerosos do que poderá acontecer, do que um louco poderá fazer. E dos efeitos dessas ações imprevisíveis, ousadas, surpreendentes.
Quando encontramos um mendigo, um louco na rua (uma Estamira, por exemplo), algo em nós fica nervoso, ansioso, sem saber como reagir a uma presença que não se apega a rótulos e padrões. Qualquer atitude pode surgir dali.
Quando conversamos com um mendigo, um louco na rua (uma Estamira, por exemplo), podemos ouvir os maiores disparates desconexos. E também frases, reflexões e olhares repletos de sabedoria. Mas precisamos estar abertos ao inesperado e às surpresas para sermos brindados pelo conteúdo inusitado que sairá deles.
Precisamos aceitar e dar vazão à nossa faceta O Louco para recebermos esse elixir surpreendente dos loucos, o qual poderá ampliar nossos horizontes perceptivos. São encontros marcantes…
Beijãozão nocês… Yub |
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