O Pendurado: e quando estamos preso a algo ou alguém?

Não tem situação na qual nosso ego se sente mais ofendido do que quando nos encontramos numa situação em que não há muito o que fazer. Na verdade, quando não há NADA a fazer, a não ser aceitar que estamos inertes, imobilizados, aprisionados e impedidos de ter o que queremos.

Nosso ego considera uma humilhação. E quando as pessoas perguntam pra gente O QUE ESTAMOS FAZENDO para sair dessa situação, aí é que ficamos sem saber o que responder. Aparentemente, não estamos fazendo nada.

Comodismo? Passividade? Acomodação? Ou sábia resignação?

Já tentamos sair desse “beco sem saída” e só piorou. Só fez a gente se sentir ainda mais atolado nessa areia movediça em que nos encontramos.

Você já viveu – ou vive – uma situação assim?

Pois é… se cada Arcano do Tarot retrata tipos de situações comuns às pessoas, as circunstâncias associadas ao Pendurado fazem parte do existir humano, certo? Ou seja, há fases em nossas vidas que não temos o que fazer. E a sociedade irá nos cobrar FAZER ALGO.

No fundo, a cobrança ouvida pela voz da sociedade nada mais é do que o eco da voz de nosso ego. Ele quer demonstrar socialmente que estamos lutando, estamos incomodados com a atual fase e que vai continuar buscando de tudo quanto é jeito alguma ação, algum comportamento, alguma decisão que irá mudar esse cenário de aprisionamento, pausa, impedimento que cerca a nossa vida.

Mas não é essa a melhor forma de reagir a um momento Pendurado… Se o momento é de pausa, é de bloqueio, é de imobilização, que assim seja. Enquanto nós não aceitarmos – de corpo e alma, realmente – que não há nada a fazer, é que enxergaremos esta fase sob uma outra perspectiva. Teremos um olhar diferente sobre esta época de imobilização.

Enquanto não compreendermos que o momento é de parar, é de ficar quieto, aí sim, aproveitaremos o real aprendizado que este nos oferece. Só quando aceitamos os impedimentos do momento é que temos condições de desenvolver um olhar bem diferente do usual para encontrar o porquê dos obstáculos – e se há uma saída. Se houver, saberemos agir.

Geralmente, a melhor solução indicada pelo Pendurado é esperar, viver essa pausa de forma serena, entregue. Basta ver a face do moço pendurado para vermos que ele está sereno, entregue, confiante de que a melhor reação diante desta fase imobilizante é justamente não agir.

A ação pela não-ação, tão preconizada pelos orientais (mais especificamente pelo Tao Te King, de Lao-Tsé), é justamente a ação dO Pendurado. Mas isso é uma ofensa aos padrões egóicos (e de nossa sociedade ocidental), porque é sinal de fraqueza a não ação. É sinal de passividade a não ação. É indício de que você é fraco, covarde, derrotista, submisso, passivo… quando, na verdade, nesses momentos, é justamente um sinal de sabedoria (aceitação da realidade e do momento presente) não fazer nada. Mesmo porque, se for fazer algo, será uma ação superficial, impulsionada pelo ego e não pelo Self (Centelha Divina).

Sei que é difícil ficar parado, em plena aceitação, diante dos obstáculos, impedimentos e travamentos. As pessoas ao seu redor te verão, te julgarão como passivo. E te cobrarão uma reação repleta de ação yang. Não é â toa que O Pendurado é um arcano tão incompreendido, tão diferente… é o que está de cabeça para baixo… não há outro nessa condição. Ele é único, foge dos padrões convencionais… Sofre até nisso… rsrs Sofre de incompreensão e preconceito. rsrs

Eis o que também passamos quando vivemos uma fase Pendurado…

Beijãozão nocês…
Yub

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