Há muitos anos essas questões de mal olhado, olho gordo, macumba e inveja vêm me fascinando. Confesso que na minha adolescência eu ficava muito irritado, bravo mesmo, quando alguém me dizia que eu estava com inveja dele. Eu? Esse ser evoluído e especial ter inveja?
Ou seja, considerava a pura expressão de inferioridade sentir inveja. De pequenez de alma. Mas, na verdade, eu apenas não queria me reconhecer… HUMANO. Demasiadamente humano. Na minha ilusória expectativa de querer ser perfeito, um ser evoluído, espiritualmente superior, não queria admitir que nutria em mim a INVEJA.
Quando passei a me ver como humano, humanamente imperfeito, vi que é natural sentir inveja. Faz parte de nossa natureza humana.
Porém, aceitar essa condição natural de existir não me fazia perceber o que movia uma pessoa a ter tanto medo da inveja alheia e, ao mesmo tempo, por ironia, querer tanto contar vantagens e despertar a inveja dos outros. Por quê? Por quê?
O facebook é um campo muito rico para vermos as pessoas que têm medo da inveja e do olho gordo, do mal olhado que pode vir daí. E também ver aquelas que amam gerar inveja nos seus contatos por mostrar suas fotos hollywoodianas de vida perfeita, plenamente feliz.
No Dia das Mâes mesmo. Vi algumas pessoas botando a maior banca a respeito de seus filhos. E, claro, o quanto ser mãe de crianças tão especiais revela a sua magnitude materna. Além de escreverem explicitamente que queriam matar as outras mães de inveja. Caraca… por que isso?
Foi aí que eu linkei as duas coisas. Isto é, a minha experiência adolescente de reação aversiva ao fato de não querer admitir que sinto inveja e essa dúbia atitude de temer e, ao mesmo tempo, ter o prazer de gerar inveja.
É porque queremos mostrar aos outros que somos superiores, que somos especiais, que somos demais!! É por isso que queremos gerar inveja. O outro ter inveja de nós deve representar que nós somos de alguma forma especiais ou alguma área de nossa vida é especial e escancara nossa condição superior.
Ao mesmo tempo, o temor de sermos alvo de um baita olho gordo, daquele mal olhado à lá Zeca Pimenteira, é o temor de sermos desmascarado, de que o outro descubra que não somos tão especiais, superiores e plenamente felizes como ansiamos aparentar.
Queremos demonstrar uma máscara de felicidade suprema. E morremos de medo que essa máscara de superioridade seja quebrada, arrancada, tirada – e nossa face humana, imperfeita, se desvele.
Personas falando, se mostrando e botando banca. E, no escurinho do nosso quarto, temendo que os outros enxerguem que nossa vida é normal, comum, nada especial…
Enfim, hoje estou muito Chuck Palahniuk… rsrs
Beijãozão nocês…
Yub