Tenho um grande amigo que discorda de uma visão existencial minha. Na minha maneira de ver, considero que a vida exterior é um reflexo da vida interior. Se nosso carro, por exemplo, vive dando problemas, eu me questiono:
Se o carro é o veículo que nos conduz a determinado local, ele representa nossa maneira de nos direcionar a um objetivo pretendido. Então, se meu carro está constantemente precisando de reparos ou com problemas, será que isso está refletindo uma atitude minha de falta de objetivos ou problemas para me direcionar no rumo de alguma meta?
Esse meu amigo considera que nada externo reflete algo interno. Diz que se sua mulher te traiu, você não tem nada a ver com isso. Eu já considero que há uma parcela de responsabilidade sim no homem que é traído pela esposa. Porque alguma coisa ele fez – ou deixou de fazer – no relacionamento. E isso, constantemente repetido, pode ter gerado muita insatisfação na mulher ou outra reação para que ela decidisse traí-lo.
Obviamente que ela poderia ter conversado, explicitado suas insatisfações e tentado resolver isso diretamente com o marido. Enfim, proposto mudanças de atitudes em ambos, a fim de levar o relacionamento deles a um nível mais prazeroso e satisfatório. Ou seja, tanto a mulher quanto o homem tem responsabilidade na questão da traição.
A traição não é o problema. A traição é um SINTOMA. É um reflexo de algo insatisfatório na vida conjugal. Sendo assim, se houvesse uma melhor percepção desses reflexos EXTERNOS de insatisfação INTERNA, o externo poderia indicar o que precisava ser mudado internamente. E, consequentemente, essa mudança interna geraria uma mudança interna.
Então, eu e meu amigo temos essas percepções discordantes. Eu faço uma leitura interna, subjetiva, da vida. Ele faz uma leitura externa da vida. Só quando estudei e compreendi a questão do Introvertido e do Extrovertido na Psicologia Analítica é que pude respeitar a opinião deste meu grande amigo.
Ele tem como parâmetro norteador a função EXTROVERTIDA. Eu tenho a função INTROVERTIDA. O introvertido é mais preocupado com a experiência interior; o extrovertido com a experiência exterior.
A consciência do extrovertido está predominantemente voltada para os objetos externos – para o mundo externo. A do introvertido se orienta para o sujeito, para o mundo interior da psique.
O mito de Prometeu e de Epimeteu descreve bem a diferença entre essas duas funções de percepção da realidade. Quando compreendemos essa diferença entre a natureza das pessoas, isso nos ajuda a relacionar melhor com cada uma. E também nos permite desenvolver a outra polaridade, ou seja, não ficarmos tão voltados para essa predominância, seja introvertida ou extrovertida. Porque a completude implica complementar esses opostos, usando ambos.
Beijãozão nocês…
Yub