Eu nunca, nunca, nunca imaginaria que aquela trouxa que o Louco carrega poderia ter como conteúdo A CULPA… Nunca… mas é o Louco surpreendendo mais uma vez.
Aquela trouxa costuma ser vista nos livros de Tarot como simbolizando as experiências que tivemos e que levamos para as próximas que virão.
Então, porque tais experiências não podem ser justamente aquelas que mais pesam sobre nossas costas? Justamente por estarem marcadas pelo peso da culpa?
Quantas vezes iniciamos uma relação com a culpa do que fizemos num relacionamento anterior? Com a culpa das escolhas que fizemos e das atitudes que tivemos no fracasso de uma relação do passado?
Essa bagagem arqueia nossas costas e influencia um novo ciclo (Louco) e uma nova trilha existencial (Louco) que estamos prestes a percorrer (Louco).
Não há como iniciar nenhuma nova jornada (Louco) sem levarmos o que acumulamos de experiência (Louco) em experiências anteriores.
E não tem algo que grude tanto na gente e influencie tanto nossas aparentes novas escolhas do que a maldita culpa.
Cada dia que passa, cada cliente que atendo via skype, cada leitura de Tarot que faço por email, cada história que ouço e cada conversa que tenho com as pessoas me mostram o quanto a culpa é o grande protagonista da novela de nossa vida. E um protagonista vilão, claro.
Quando tive esse insight de o conteúdo dessa bagagem que o Louco carrega nas costas ser de CULPA, entendi muita coisa. Especialmente numa ironia que tende a se repetir.
Existe na psicologia (pelo menos na junguiana e na sistêmica) um fato recorrente. Ou a gente repete a história de nossos pais (e avós) ou muda radicalmente e vai por uma trilha que NUNCA poderia ser considerada repetitiva…
Um exemplo é o de seguir a carreira do pai ou de ir para uma outra completamente nada a ver com a profissão paterna.
Porém, tanto uma quanto a outra, quando vista de forma mais profunda e verdadeira, são reproduções de escolhas e estilos de vida de nossos pais (e avós).
O Louco se enquadra mais nestas escolhas aparentemente originais, diferentes, excêntricas em relação às da família de origem. Mas é só na aparência que houve essa opção por uma profissão bem diferente da do pai. Porque estamos carregando nas costas nesta experiência profissional é o que herdamos lá: as intenções, os objetivos, as resistências, as limitações, as barreiras e os enroscos que nortearam nossos pais.
E se libertar dessa bagagem demanda muita sabedoria. É necessário olhar para trás. E aí sim iniciar um ciclo de originalidade (Louco), uma jornada em que vamos em busca da nossa verdadeira identidade – não aquela que é uma reprodução cultural, familiar, social, econômica, enfim, do que os outros querem que nós sejamos (que vai contra o que nossa alma almeja para nós).
Nesse processo, será essencial não carregarmos a culpa por seguirmos uma trilha escolhida por nossa alma e não pela sociedade (com seus inúmeros representantes).
Beijãozão nocês…
Yub