As histórias de amor são sempre as mesmas. Mudam-se os protagonistas e detalhes externos, mas os pontos desafiantes, os obstáculos, as fases, os pontos a superar são comuns a todo ser humano.
Por isso, tudo aquilo pelo qual eu passo na minha relação com a Cris e leio a respeito da psicologia dos homens nos livros de Psicologia Analítica sobre os quais mergulho (especialmente da Coleção Amor e Psique), procuro ver na história afetiva de meus amigos, clientes, colegas e alunos homens.
Daí o fato de aprender tanto sobre mim e o jeito de ser dos homens quando diante de uma mulher e de uma relação amorosa.
A partir dessa auto-observação, eu pude detectar um fator que tende a ser a BARREIRA-MOR que impede um homem de realmente se comprometer e se entregar a um relacionamento amoroso. Por mais que ele já esteja num relacionamento, mesmo casado há anos, ele não estará de fato envolvido nessa relação se não tiver superado esse baita obstáculo impeditivo.
Vou exemplificar de forma prática, com minha própria história, com meu próprio medo.
Eu e a Cris ficamos noivos rapidaço. Porque ela já estava praticamente morando lá em casa (morava com meus pais na época). E assim pudemos estrategicamente ter o aval da mãe dela, do irmão-pai e de ambas as famílias para o fato dela morar lá sem tanta encheção de saco.
Vivemos ali durante alguns anos. E nestes anos, eu mantinha uma posição muito superior, muito professoral, muito “evolutiva.” Porque eu não demonstrava fraquezas, sempre me colocando numa postura “prateleira de cima.” Eu era quem dava conselhos, quem ensinava, quem não perdia as estribeiras, enfim, não me alterava.
Porém, com o passar do tempo, a relação demandava comprometimento. Saída da casa de meus pais, construção de um novo lar, aluguel de um apartamento, crescimento profissional. E isso representava a necessidade de eu superar um tanto de medos, fraquezas e barreiras que eu tinha – MAS NÃO DEMONSTRAVA. Afinal, eu era “o perfeito.”
Até que chegamos num dia e a crise irrompeu!!! Eu fui praticamente forçado pelas necessidades da vida a não mais esconder meus medos, minhas vulnerabilidades, minhas fraquezas. A prateleira de cima simplesmente ruiu, caiu. Se eu queria realmente me comprometer de fato naquela relação, seria necessário largar o orgulho masculino de lado. E passar a compartilhar o que me assombrava.
Foi aí que vi que é ao assumirmos nossas fraquezas, nossos medos, nossas vulnerabilidades, que adquirmos força. Que somos humildes, verdadeiramente. Porque ficamos numa posição no mesmo nível, na “mesma prateleira”, que a parceira. Que a gente aceita a ajuda, pede o auxílio e recebe o colo, a proteção e a sabedoria que só uma mulher é capaz de oferecer.
A relação nossa simplesmente foi se transformando quando eu não consegui mais manter aquele orgulho idiota. Inclusive, essa ruir veio com meu choro. Meu choro foi a demonstração da minha vulnerabilidade, do quanto eu tinha – e passava a aceitar – barreiras, limitações, medos. Foi a expressão sincera de que eu não conseguia mais suportar aquela posição fodástica de fodão, de superior.
E vejo o quanto amigos meus (sei seus segredos, suas fraquezas, suas vulnerabilidades – por eles compartilharem comigo e por saber o mapa natal deles) não assumem esses seus medos para as parcerias. Elas não sabem. (eles acham que elas não sabem). E, ao manterem essa posição superior, mantêm uma barreira à intimidade, ao real e maduro comprometimento.
Só quando um homem compartilha suas fraquezas, seus medos, suas vulnerabilidades e suas limitações com a sua mulher é que o relacionamento entre eles pode florescer. Porque haverá um crescimento mútuo, um apoio mútuo para cada qual se superar, amadurecer e constantemente construir um vínculo enriquecedor, de igual para igual.
Mas, para isso, nós homens precisamos vencer o que culturamente temos como o correto: homem não é fraco, homem não revela suas fraquezas, homem não chora, homem isso e aquilo. Enfim, homem é um robô que esconde até de si mesmo seus mais assombrosos temores e naturais limitações humanas.
Conforme vimos no livro O GUERREIRO PACÍFICO, é na vulnerabilidade que se encontra a nossa força. Um guerreiro aceita e assume conscientemente sua vulnerabilidade…
Beijãozão nocês…
Yub – torcendo para que os amigos, conhecidos, parentes, colegas e alunos/clientes que conhece possam compartilhar com suas parceiras seus temores e suas limitações.