Reflexões sobre a Macumba, o Despacho e a Oferenda!

Mensagem inicialmente postada na lista Voadores do yahoogrupos.
 
Saudações FILÓSOFICO-PSICOLÓGICAS a todos!!

Antes de mais nada, quero dizer para os especialistas (tal como o Sepe, por
exemplo) me corrigirem se eu falar alguma bobagem, ok? Eu vou apenas
compartilhar com vcs o que venho refletindo há algum tempo sobre as

questões que envolvem o título desta mensagem.

Vou complementar/detalhar esta mensagem que enviei na 2a.feira:

http://br.groups.yahoo.com/group/voadores/message/93759

Qdo eu era mais novo, tinha medo de macumba. Ao mesmo tempo, ficava

fascinado por tudo que envolve Magia. Tanto que me enveredei pelo estudo
do ocultismo na década de 90. Nesta mesma época, frequentei a Igreja
Universal do Reino de Deus e depois fui para a Igreja Batista de
Contagem (onde a família de meu cunhado atua ativamente).

Toda sexta-feira, eu e o pessoal da igreja batista dirigida pela família de meu
cunhado íamos ao Monte. Era um monte dentro de uma fazenda onde várias

 pessoas, de diversas igrejas, se reuniam durante a noite. Ficávamos lá até
o dia amanhecer. Vários grupos ali se encontravam. E cada qual focado
num determinado tipo de prática. Uns iam para orar, outros para falar em
línguas, outros para jejuar, enfim, diversas práticas e atividades rolavam lá.

Lembro-me que após essa vigília, passávamos por várias ruas e encruzilhadas

na volta. E uns integrantes da igreja que eu frequentava desciam da kombi e
iam expulsar demônios nos despachos encontrados nas encruzilhadas.
Aquela situação me chocava e, ao mesmo tempo, me encantava.

Eu ficava imaginando os espíritos que encontravam-se ali, diante dos

despachos, sendo chutados pela veemente postura exorcista desses caras que
desciam de nossa kombi.

Passaram-se os anos e eu mergulhei bastante (como ainda faço) na Psicologia
Analítica. E ao ver o filme BESOURO, encontrei uma resposta para minha

dúvida a respeito do porquê aquela cliente minha (citada na mensagem anterior)
está sempre enxergando uma investida espiritual destrutiva por parte de Exus e
espíritos obsessores em cada esquina, em cada pessoa com quem estabelece
algum tipo de contato – por mais superficial e rápido que este ocorra.

Escrevo bastante aqui sobre a importância de não nos enxergarmos

exclusivamente como “bons cidadãos”, dotados dessa persona “cristã”, correta
e aparentemente perfeita. Excluir nosso lado obscuro, aquele que também possui
inveja, vaidade e arrogância/orgulho, é um perigo. Esse lado Sombra de nossa
psique acaba cobrando sua “oferenda.” Precisamos, tal qual Besouro fez,
reverenciar Exu: reconhecer essa faceta de nossa natureza.

Porque caso não aceitemos que temos esse lado, que existe essas

características e atitudes em nós, a Sombra poderá nos causar problemas.
Ou a projetaremos nos outros e os veremos como ameaçadores OU esse lado vai
tomar conta da gente e nos impulsionar a expressa-lo de forma destrutiva/negativa
e dolorosa.

Essa minha cliente, como falei, se considera muito correta, “santa”, desprovida
de sentimentos humanos como inveja, ciúmes, vaidade, orgulho. Não dá outra:
enxerga a Sombra, essas características, nos outros. Não estabelece amizades
porque tem medo do olho gordo das pessoas que entrariam em sua vida. Está

sempre com medo dos efeitos de algum trabalho de macumba que venha a destruir
sua vida individual, conjugal e familiar.

O último episódio foi o de considerar a doença de sua mãe como obra do último
trabalho/despacho (colocar na encruzilhada os restos de um trabalho de limpeza
na casa de sua mãe). Como não entregou essa “oferenda” aos Exus, eles então
vieram cobrar, fazendo adoecer a sua mãe.

Conectando esse evento com o que apreendi do filme Besouro, fiquei pensando:

De que forma os Exus ou Espíritos mais densos se alimentam dos despachos
físicos, de objetos e alimentos???

Até que ponto essa oferenda aos Exus/Espíritos Demoníacos não está

representando a necessidade de oferecermos a nosso lado SOMBRA uma
reverência ao seu poder?

Acho que a consciência e intenção são chaves significativas nesse processo de
trabalhar a Sombra. Pra mim, essa oferenda, por meio de um despacho, aos

EXUS representa um ritual de reverência à Sombra. E se fizermos isso de um
outro modo, psicologicamente falando, ao aceitar que temos sentimentos e
desejos nada “cristãos” e “corretos”, creio que a reverência à Sombra será
mais efetiva.

Porque não vejo como um despacho fará com que trabalhemos nossa sombra.

Porque estaremos ainda desconectados da mesma. Afinal, estamos enxergando
a sombra FORA de nós, ou seja, PERSONIFICADA NUMA ENTIDADE:
Exus/Espíritos Trevosos.

A Sombra continua projetada nessa personificação. E enquanto ela não é
introjetada, trabalhada inicialmente de modo interno, não teremos condições de
canalizar seu poder no mundo externo, com atitudes e atividades propícias a

esse tipo de desenvolvimento da Sombra.

Bem, é isso!

Beijãozão nocês…
Yub


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