Rendição ao momento presente. Aceitação. Gratidão.
Foi disso que o Yub falou ontem e, sincronisticamente, veio ao encontro de algo que aconteceu comigo na terça-feira.
Eu estava finalizando um projeto para uma cliente e estava indo tudo bem. Eu tinha a intenção de adiantar o cronograma, já que tinha nas mãos o que dependia de mim para ser feito. Então recebi por e-mail as artes dos anúncios dessa cliente que entrariam na edição do projeto que estou trabalhando. Beleza! – pensei. Tenho 100% do material, vou poder finalizar completamente hoje mesmo! Fiz isso e encaminhei para ela. Logo em seguida, a cliente me liga perguntando se se eu poderia finalizar o arquivo para a gráfica esta semana ainda se ela aprovasse naquele mesmo dia, pois ela tinha esquecido que estaria fora nas duas semanas seguintes e precisaria deixar pronta para impressão esta edição do projeto antes de sair. Disse que ainda precisávamos do OK final da equipe que produziu os textos da edição e que ia tentar agilizar isso. Entrei em contato com a equipe do texto e recebi um e-mail informando que a pessoa que sempre dá o OK final estava viajando e voltaria no final da semana que vem. E nessa hora eu estava de saída – tinha algumas coisas para resolver na rua.
Meu humor já mudou e eu fiquei focada no que eu NÃO poderia fazer: não poderia atender ao pedido da cliente, não poderia finalizar o trabalho com antecedência, as coisas não aconteceriam da maneira como eu tinha planejado. Falta de controle, frustração, bloqueios. Durante todo o tempo em que fiz as coisas na rua, deixei aquele monte de pensamentos inúteis e barulhentos controlarem o momento e despertarem uma emoção negativa em mim: o que eu quero não vai dar certo. Simplesmente esqueci do livro que estou lendo e que está fazendo muito sentido para mim: O Poder do Agora, de Eckhart Tolle.
Então cheguei em casa (trabalho em casa também) e peguei o telefone para falar com uma das pessoas da equipe que produz os textos para o projeto. Expliquei o pedido da cliente e tentamos alternativas para a aprovação final do fascículo sem ter que esperar pela “aprovadora oficial”. Uma questão importante a considerar é a personalidade dessa “aprovadora oficial”: controladora, dominante, exigente. Tudo teria que ser feito com muito tato para que, ao voltar da viagem, ela não tivesse um surto de “como vocês aprovaram sem que eu visse!!!”. Depois que desliguei o telefone voltei a “ser gente” e pensei: vai dar certo. E aí me toquei: CARACA! Por que você não pensou assim desde o começo?
Aí lembrei do livro! No Poder do Agora, Tolle recomenda o que considero um “exercício”: toda vez que a mente começar a ter chiliques com algum acontecimento e ficar nos torturando com debates infindáveis dentro da nossa cabeça, comece a prestar atenção no debate como se você fosse um espectador vendo um filme. Vire um observador dos seus pensamentos, mas não julgue, critique, condene ou analise. Apenas observe. Já fiz isso algumas vezes desde que comecei a ler o livro e o que aconteceu foi muito interessante: os pensamentos ficam tímidos, tipo “tem gente olhando, vamos parar”. E o debate para, a mente silencia. E a sensação é MARAVILHOSA, mesmo que dure apenas alguns segundos. No entanto, são segundos suficientes para se recompor e perceber que TUDO SEMPRE DÁ CERTO. Então AGRADECI por tudo dar certo.
Na quarta (ontem) recebi um telefonema: era a pessoa com quem tinha falado na terça sobre a aprovação final do fascículo. Uma outra pessoa – muito amiga da “aprovadora oficial” – entendeu a situação e assumiu a incumbência de liberar a edição e fará isso até sexta-feira.
Rendição ao momento presente. Aceitação. Gratidão.
De tudo isso fica a lição de que a caminhada é LINDA, mas precisamos estar atentos, PRESENTES!
E me remete a um trecho do livro O Oráculo Interior, de Dick Sutphen:
“Quando você para de brigar com a vida, a vida para de brigar com você e as transformações acontecem. Quando para de resistir ao inevitável, você pode abraça-lo, aceita-lo e elevar-se acima dele. Dizer adeus e dar a Deus lhe permite fluir através da vida naturalmente e espontaneamente, sem ideias restritivas preconcebidas. Se está aberto e desejando dar adeus, se pode parar de querer agarrar a segurança, se consegue acreditar num poder superior e em seu próprio potencial, uma grande aventura o aguarda.”
Um pouco por dia, um dia de cada vez.
Por Lucia Fontes