Há alguns dias, eu conversava com um amigo e ele me contou algo interessante. Ele sonhara com uma arma, uma espada. E havia todo um contexto conectando essa espada com determinadas questões familiares. São questões que ele sente terem sido herdadas por várias pessoas de sua família, as quais pertencem ao legado familiar de sua avó materna.
Disse também o quanto tais heranças de padrões de crenças e de comportamento herdados principalmente de sua avó materna merecem ser transmutados, uma vez que ele percebe algumas limitações diante da vida em função dessas atitudes herdadas.
Ao conectar belissimamente exemplos práticos de sua vida e da de alguns parentes com esses padrões familiares herdados, me mostrou o quanto o sonho estava revelando a importância do simbolismo da espada. Ele, então, seguindo determinadas sincronicidades, chegou até uma espada numa loja e a comprou. Agora ele está criando um ritual a ser feito utilizando essa espada.
O objetivo desse meu amigo em usar dessa ritualística é o de trabalhar psiquicamente com as questões familiares que podem estar bloqueando a plena expressão de determinados dons e talentos dele. Inicialmente, eu considerei tal decisão dele de se trabalhar internamente essas heranças comportamentais por meio de rituais algo excêntrico e até mesmo diferente. Não me considerei um cara que dá essa importância toda a um ritual para se trabalhar determinadas questões internas.
Então, nesse mesmo dia, tive vontade de criar um conto de suspense. E assim o fiz, à noite. Quando terminei o conto, eu senti algo muito forte e enriquecedor. Uma clareza sobre o significado do porquê daquele conto me inundou. Comprovei o quanto eu trabalhei determinadas questões familiares através do conteúdo daquele conto. E foi aí que percebi na escrita, no ato de escrever, o meu ritual.
Sim, uso da escrita como uma ritualística para se trabalhar certas questões do inconsciente que ainda não estão bem claras. É como se o ato de escrever fosse o ritual através do qual algo do inconsciente irá emergir e ser expresso de forma criativa e sagrada. Vi contundentemente o quanto escrever pra mim é sagrado nesse sentido: de ser um ritual psíquico, uma oportunidade de trabalhar algumas questões internas.
O ritual, seja qual for, executado de modo consciente, sagrado, aberto e entregue, pode servir como fonte de trabalho psíquico e resgatar/alquimizar conteúdos até então inconscientes, os quais tendem a nos levar nebulosamente a certos comportamentos e atitudes. E se prestarmos atenção, são ações bem “mecânicas”, quase que cegamente reproduzidas. Muitas vezes, são repetições de padrões herdados por nossa família…
Beijãozão nocês…
Yub