Ontem eu me dedicava a continuar escrevendo um conto de suspense. Há muito tempo não crio um para o blog de contos. Cheguei num ponto que não conseguia mais avançar. Travei. Não sabia como continuar para se chegar ao final pretendido.
Então, fui dar uma volta com a Mel (minha cachorrinha) num local aqui embaixo do prédio. Enquanto ela cheirava cada cantinho, fazia xixi mil vezes e curtia os momentos de liberdade, eu caminhava lendo o livro O MISTÉRIO DA ESTRELA, do gênio NEIL GAIMAN.
É uma estória tão despretensiosa que, quando vi, fui fisgado por ela. Em vários trechos, eu soltava altas gargalhadas em pleno pátio da garagem. E fiquei me perguntando:
– Como Neil Gaiman consegue dizer coisas tão despretensiosas de uma maneira tão mágica e fascinante? Não tem o nível de densidade psicológica, questões de magia e mistério no nível que gosto – tal como em SANDMAN -, mas não consigo parar de ler. Nunca consegui passar da página 30 de livros como este. É um livro aparentemente infantil, quase uma espécie de conto de fadas. E eu aqui, lendo essas bobagens como se fosse a coisa mais importante da minha vida.
Há escritores que escrevem livros. E há escritores que contam uma estória. Considero estes verdadeiros artistas da palavra, verdadeiros escritores. Porque o que eles escrevem parece sair de forma fluida, natural, espontânea. Quase sem um pingo de esforço.
– Será que as pessoas notam leveza na minha escrita? Ou percebem o esforço hercúleo que é parir cada vírgula?
Logo associei essa reflexão com meu Saturno em Gêmeos (na Casa 3 e em oposição a Mercúrio em Sagitário).
Saturno é o peso. Gêmeos é a leveza. Saturno é o esforço. Gêmeos é o brincar com as palavras. Como são opostos… Um é o que o outro não é.
Ôh conflito danado unir Saturno e Gêmeos numa brincadeira séria de escrever…
Ao ralar para escrever um conto de suspense ontem, eu percebi o quanto preciso trabalhar minha palavra para chegar a fluir de modo tão fácil quanto parece (e sinto) aqui nos blogs de astrologia, de numerologia e de tarot.
Mas aí eu me lembro dos meus anos iniciais escrevendo nas listas do yahoogrupos e nos blogs… Nossa, era um parto também. Um esforço homérico. Como escrevo há anos nos blogs e quase que diariamente, não tinha como não virar uma escrita fluida, natural.
É isso que preciso persistir quase que diariamente – o que NÃO faço – para poder escrever meus romances policiais. E aí me pergunto:
– Será que primeiro tenho de escrever sobre temas que são como um DEVER no meu caminho de vida para só então poder escrever algo que me dá prazer? Mas é um prazer escrever sobre numerologia, astrologia, tarot, minhas experiências oníricas, existenciais, etc.
Porém, é diferente. Sinto que tenho uma responsabilidade a cumprir ao escrever sobre essas ferramentas de autoconhecimento. Um dever social que tenho. Preciso prestar este tipo de serviço primeiro. Porque assim eu ajudo muita gente.
E diminuir meu tempo de dedicação aos blogs não é visto de bom grado por mim. Quantas pessoas eu deixarei de ser útil para me dedicar a um projeto utópico e que satisfará quase que exclusivamente a mim?
Eis aí o conflito DEVER x PRAZER que eu atribuo a Saturno… Não me sinto ainda com a consciência tranquila para reduzir a prática de um tipo de escrita e aumentar o de outro. Ou será simplesmente uma baita desculpa de minha parte para não passar pelo árduo e doloroso processo de praticar um outro uso da palavra. Um outro colorido comunicativo…
Creio que seja. Porque tenho cumprido com todos os meus afazeres em termos de escrita e ainda conseguido tempo para escrever um conto. Por que não posso fazer isso para um romance policial, continuando nesse ritmo? Tem sido prazeroso. Saturno em Gêmeos quer simplesmente escrever e dominar os mais variados estilos e ferramentas no uso produtivo e eficiente das palavras…
O prazer pode acompanhar o dever. Assim o dever se tornará prazeroso e o prazer se tornará uma responsabilidade agradável de se cumprir. Talvez isso seja a vivência mais bela de Saturno… Talvez…
Beijãozão nocês…
Yub